




Arranjos para Fanfarras e
Atividades de Iniciação Musical
a partir de repertório latino americano




*Quando nos referimos aos instrumentos de sopro no idioma espanhol chamamos de instrumentos de viento, ou simplesmente vientos.
No livro “Canto do Vento”, Atahualpa Yupanqui credita ao vento o poder de transportar canções entre as paisagens de sua amada Argentina, eternizando e semeando melodias populares e o amor pela sua terra.
O sítio virtual América Vizinha reune arranjos, partituras, atividades de iniciação musical e de introdução nas culturas musicais latino americanas. Voltado principalmente para fanfarras, bandas marciais e afins, o portal oferece gratuitamente material de iniciação para instrumentistas de vientos e percussion.
A ideia de promover a difusão da riqueza cultural do nosso continente através do repertório arranjado especialmente para a formação instrumental de fanfarras, retretas, chorumelas, bandas ou charangas, voa nas mesmas correntes que o mito contado por Atahualpa Yupanqui. Melodias sopradas e tambores retumbando ao vento através de músicos que andam e dançam em coretos, bailes populares, escolas, igrejas e teatros, em espaços nobres ou marginais se espalhando entre entre povos e territórios.
A pesquisa em torno do repertório e a criação das propostas didáticas observou a perspectiva fundamental das culturas nativas e africanas sob o jugo do colonizador ibérico de ancestralidade moura. Buscando analisar contextos históricos e a geografia do gêneros musicais do nosso continente, seguimos a trilha de pedrinhas miudinhas da Amefricanidade Ladina de Lélia Gonzalez.
Os cruzos musicais que subiram os Andes, mergulharam no Atlântico e no Pacífico, cavalgaram nos Pampas e penetraram na Amazônia, chegaram aos nossos ouvidos. Encantados por eles, firmamos pacto de soprá-los aos quatro ventos da encruzilhada americana.



O impulso inicial que motivou o projeto AMÉRICA VIZINHA surgiu da constatação da falta de conhecimentos dos estudantes de música no Brasil sobre a riqueza musical dos povos vizinhos latino americanos.
Durante o curso de mestrado na UNIRIO, a leitura de autores referenciais ampliou o olhar sobre as estratégias das culturas nativas e africanas resistindo ao projeto católico ibérico de dominação.

Manifestações culturais aparentadas que se manifestaram em pontos distantes das Américas, se mesclaram às paisagens caribenhas, amazônicas e andinas, cozinhando no tempo das migrações mapuches, bantus, andaluzes e de muitos outros povos. A polirritmia yorubá, o romance medieval, somadas à pré história das colonizações mouras na península ibérica são nítidas nas músicas latino americanas.
Por outro lado, o Brasil deitado de costas para o resto do continente, consumindo metodologias norte-americanas, sonhando em ser a Europa e preso no projeto estético anglófono de mercado da música, foi cenário perfeito para o projeto neo colonialista e imperialista de apagamento das nossas matrizes comuns.
Mas não foi sempre assim, já ouvimos por aqui, muitos tangos e habaneras. “El Manisero” de Moisés Simons já foi sucesso de vendas nas Casas Edison no início do século passado. Boleros e Mambos já deixaram marcas por essas bandas…
Será que o temor burguês da revolucionária “Nueva Canción” latino americana de Víctor Jara e Violeta Parra tenha acelerado nossa surdez para os hermanos?
Mas nossas fronteiras são continentais e as migrações culturais seguem caminhos ancestrais de resistência: a cúmbia colombiana penetrou pelo Pará, o merengue se tornou baiano, o poderoso violão de Yamandu Costa é temperado de milongas e muitos outros pontos de contato que carecem de destaque na história da nossa música.
O título do projeto convida o estudante de música a visitar este vizinho de porta, pedir uma pimenta, oferecer uma xícara de café, cantar “azucar!” e saborear a diversidade da música latino americana. Ainda que a leitura da bibliografia no decorrer da pesquisa tenha trazido reflexões críticas sobre o termo “Vizinha”. Pois a constatação da contradição do termo (vizinhança também sugere diferença) leva a crer que talvez fosse melhor afirmar não a vizinhança, mas a irmandade. Afinal, nós somos a América Latina, ou melhor: a Améfrica Ladina! Termo cunhado por Lélia Gonzalez que nos transborda de caminhos, possibilidades e encruzilhadas.
Raízes, estratégias, tradições e crenças comuns nos fazem mais do que vizinhos, e talvez mais do que irmãos. O conjuntos de materiais disponíveis no sítio AMERICA VIZINHA se afinam com o bordão de que estudar a música latino americana é estudar a nossa música.









Tendo como referência a “Tabela de Parâmetros Técnicos e Musicais para Classificação do Repertório de Sopros destinado a Bandas” de Dario Sotelo, os 7 arranjos produzidos para o site América Vizinha foram criados por Pedro Pamplona e são enquadrados aproximadamente entre os níveis 2 e 3 (pág. 49 e 50). Comentários do autor sobre a elaboração dos arranjos podem ser acessados clicando aqui.
TCHUMBA QUE TCHUMBA
(recolhido por Pepe Durand)
Festejo Peruano




Integrou o grupo Camerata Brasilis, Trio Itiberê Zwarg e da Itiberê Orquestra Família, Tocou com Hermeto Pascoal, Carlos Malta e Pife Muderno, Egberto Gismonti e Roberta Sá. Desenvolveu diversos trabalhos, entre eles Verde Violeta, (sobre música de Violeta Parra), Coletivo Essa Mulher (fomento da produção musical feminina no Rio de Janeiro), Ensamble Nuevo e tocou com Tita Parra, e Mônica Salmaso. Em 2020, cria EMMBRA - Escritas Musicais de Mulheres Brasileiras, (songbook de composições instrumentais feitas por musicistas brasileiras).
Compositor e multi instrumentista chileno residente no Brasil desde 2005. Diretor musical do Circo da Silva e fundador do grupo Songoro Cosongo. Responsável pelos projetos "Afrolatinidades", "Maracujá" e "Amazonicandina" com os músicos João Donato, Manoel Cordeiro, Hugo Fattoruso, Horacio Salinas, Pancho Amat, entre outros.
Compositor, arranjador, multi-instrumentista e vocalista uruguaio. Integrou o Trio Fattoruso, Hot Blowers, Los Shakers , Opa Trio e colaborou com artistas renomados como: Eduardo Mateo, Airto Moreira, Hermeto Pascoal, Abraham Laboriel, Geraldo Azevedo, Manolo Badrena, Chico Buarque, João Bosco, Milton Nascimento, Ruben Rada, Djavan, entre outros.
Premiado no carnaval oficial uruguaio: Figura de lubolos (2003 e 2017); Melhor Cuerda de tambores (2003, 2005, 2007, 2012, 2014, 2016, 2017 e 2022). Indicado ao Grammy Latino 2021 na categoria Melhor Álbum de Rock Latino ou Alternativo. Integrante do grupo Hugo Fattoruso e Quinteto Barrio Sur e diretor do Candombe Fusion F5. Membro da Comissão Interministerial de Apoio ao Tango e Candombe; Diretor da Associação Cultural Cuareim 1080; Idealizador da Lei nº 20.053, que promove a inclusão da cultura indígena e representativa do Uruguai em programas educacionais formais.
Violonista, compositor, arranjador e diretor artístico do grupo NEGRO MENDES , voltado para os gêneros da tradição musical afro peruana.
Violonista, arranjador, compositor e pesquisador. Estudou no Peru com Carlos Hayre. Estudou no Brasil: Violão, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Arranjos, no CIGAM. Violonista de Susana Baca (Vencedora do Grammy Latino 2002) entre 2001 e 2009. Atualmente é professor no ¨Ateliers d’ethnomusicologie¨ (ADEM) em Genebra-Suíça, onde reside.
Percussionista e fundador do grupo Songoro Cosongo (criado em 2005), com o qual gravou dois álbuns e participou de eventos da cidade de Rio de Janeiro como Anjos do Picadeiro, Malabares Rio, Maracujá e Afro Latinidades. Tocou com músicos internacionais como Hugo Fattoruso (Uruguai) Horácio Salinas (Chile), Pancho Amat (Cuba), Cheo Hurtado (Venezuela) e João Donato (Brasil). Fundador da orquestra Fanfarrada (2009), com a qual participo de projeto Fanfarrada nas UPPs pelo FAM (Fundo de Apoio a Música) nos anos 2012 e 2013 participação na área do teatro, com o grupo Circo da Silva. grupo com o qual viajou pelo Brasil e Colômbia.


Disponibilizamos materiais adicionais para estudo individual ou em grupo.
Arquivos de áudio em MP3 dos arranjos para fanfarras para auxiliar na leitura das partituras ou associados as atividades musicais propostas no site.
Arquivos dos arranjos para fanfarra em formato MUSESCORE (programa de editoração de partituras de código livre) que permitem aos maestros, professores e arranjadores adaptarem o material para as diversas possibilidades de instrumentação encontradas nas salas de aula, ensaios de blocos carnavalescos ou bandas civis. O compartilhamento dos arquivos no formato MUSESCORE permite aos usuários “silenciar” ou “destacar” determinados instrumentos do arranjo geral através do mixer do aplicativo.
Também se encontram disponíveis partituras adicionais de músicas e exercícios relacionados ao assunto da América Vizinha.
E finalmente organizamos e disponibilizamos listas de músicas no youtube para apreciação das produções musicais relacionadas as regiões da Argentina, Chile, Perú, Venezuela, Colômbia, Uruguai e Cuba.