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Son de Los Diablos

festejo afro peruano

Objetivos:

 

  • Introduzir o sub gênero de festejo peruano : “Son de Los Diablos”.

  • Incorporar a rítmica afroperuana e a quadratura do festejo

  • Desenvolver a coordenação motora e o canto

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Contextualização:

El festejo es otra de las formas musicales (baile-canción) más representativas de la cultura afroperuana existente. Otros géneros como el son de los diablos, el alcatraz, el ingá, el zapateo criollo y el agua e nieve están vinculados genéricamente al festejo en virtud de ciertas características rítmicas y melódicas que tienen en común. (D.TOMPKINS, 2011,pg.120).

 

O festejo peruano desde a metade do séc. XX é um dos gêneros mais populares da música Peruana e tem parentescos, ou similaridades com outros estilos de música desta região, que abrange o norte do Chile, Peru e Bolívia. Assim como o samba brasileiro pode ser entendido como um super gênero que abarca diversos outros (maxixe, pagode, partido alto…), o festejo peruano figura como um tronco de onde ramificam diversos estilos (ou gêneros), sendo o mais antigo deles, e  atualmente ligado ao carnaval limeño: o Son de Los Diablos. 

 

A través de los escritos de comentaristas históricos y de las acuarelas de Pancho Fierro se puede establecer que el son de los diablos, la forma musical más antigua que hoy es clasificada como un tipo de festejo, era tocado en los carnavales de principios del XIX. (D.TOMPKINS, pg.120)

 

Os registros históricos do Festejo Peruano e da grande maioria dos gêneros musicais identificados como afro peruanos carecem de registros de antes do séc. XIX. Depoimentos de importantes músicos, compositores e pesquisadores pertencentes a famílias tradicionalmente ligadas ao movimento afro-peruano, como Nicomedes Santa Cruz sugerem origens anteriores. O ilustrador de origem afro-peruana Pancho Fierro representou em uma de suas gravuras, datada no princípio do séc. XIX, uma instrumentação constituída de harpa, cajita e quijada (queixada de burro) acompanhando um dançarino mascarado de diabo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 - El son de los diablos, Pancho Fierro, séc. XIX. 

Fonte: Colección Municipalidad de Lima Metropolitana. (in: MIFFLIN, 2018)

 

Mas o desenho da figura 1 é incapaz de dar pistas (além da instrumentação) de como soava esta música festiva.

 

El ejemplo musical más antiguo que se ha encontrado del son de los diablos es el recopilado por José Durand y data de las primeras décadas del XIX, cuando este son ya era exclusivamente usado dentro del contexto del carnaval. (D.TOMPKINS,. 2011, pg.120)

 

Documentos históricos do séc. XVII levam a crer que o folguedo popular Son de Los Diablos, estava inicialmente associado às festividades de Corpus Christ. O papel dos diabos mascarados se assemelhava muito a outras manifestações folclóricas religiosas presentes na Península Ibérica e outros países da América Latina. Assustando crianças, fazendo acrobacias de maneira jocosa e divertida. Tompkins faz menção a diablos semelhantes na Venezuela e não posso deixar de associar-los com a figura do palhaço das folias de reis fluminenses. Por exemplo, os palhaços da folia de reis Penitentes do Santa Marta, favela na Zona Sul do Rio de Janeiro, que desempenham também um papel ambíguo de sedução e terror infantil, simbolizando tradicionalmente o soldado de Herodes que busca o menino Jesus no período natalino, visitando presépios de porta em porta. Evoluem por onde passam com saltos, danças, acrobacias e versos, interrompidos vez ou outra pelos músicos do cortejo.

Assim como diversas manifestações de matriz africana, o Son de Los Diablos sofreu a repressão do poder público e da Igreja, até que em 1817, foi terminantemente proibido de acompanhar as festividades religiosas. Anos depois, o Son de Los Diablos “driblou” a repressão e encontrou acolhimento no Carnaval. Movimento parecido ao que ocorreu com os Ternos de Reis baianos que migraram para o Rio de Janeiro no início do séc. XX.

 

Um tema importante a explorar está relacionado às representações artísticas de "Diabladas", "Diablicos" ou "Son de Los Diablos". Aqui no Peru há diversas interpretações de acordo com etnias e regiões. [...] no norte do Peru A dança diablicos é fruto do sincretismo hispano-yunga. [...] Segundo especialistas, os chamados demônios e máscaras diabladas referem-se a símbolos religiosos pré-hispânicos referentes a uma divindade que vivia nas minas. Hoje em dia esta dança é associado ao culto da Virgem de La Candelaria.

Em Lima o “Son de Los Diablos” é fruto do sincretismo afro-hispânico. Hoje em dia é dançado principalmente por afrodescendentes e mestiços. [...] O “Son de Los Diablos”, como cortejo de Lima, praticamente desapareceu em meados do século passado. Foi relançado pelo movimento Negro Francisco Congo, que recriou uma banda em meados dos anos 80 do século passado. Agora, novas trupes juvenis do Son de Los Diablos ressurgiram em várias cidades costeiras. Atualmente esta representação artística não está associada a cultos religiosos. Essa mudança é significativa, pois atualmente os afrodescendentes a assumem com uma mensagem artística e lúdica. (TORRES, Luis Rocca. 2007, pág. 32-34).


 

O jornal La Gaceta de Lima de 20 de junho (1765) faz uma descrição detalhada da festa e destaca a participação de dançarinos negros como principal atração da festa, pelas suas “invenções e variedade de ideias”. O jornal faz a seguinte descrição:

 

“...eles eram negros disfarçados de monstros com chifres, penas de falcão, garras de leão e caudas de serpente. Eles tingiram o rosto de acordo com o uso de seus países. Alguns iam com a cabeça enfeitada com penas de galo e todos armados com paus e escudos simulando uma batalha, batendo os escudos ao ritmo da música. Utilizavam vários instrumentos: o tambor, chamado de patch, era o mais comum e era formado por um cilindro de baqueta com um furo em seu interior. Ele era carregado nas costas e tocado desta forma. Eles também usam a marimba. Por último, usaram trincheiras compostas por cachos de chocalhos. (MUÑOZ, 2007, pg.115, tradução nossa)

 

Nomes de composições se confundem com denominações de gêneros musicais  na música afro- peruana, formas de se tocar o festejo estão associadas a composições consagradas, "tocar ao estilo" de uma obra consagrada passa a ser um sotaque entendido pelos instrumentistas peruanos.

Os vídeos de Pepe Duran ("EL... 1979) constituem registro riquíssimo do gênero, onde a versão de Son de Los Diablos que pode ser ouvida no link "El Son de los Diablos" por Pepe Durand,

 é o registro da memória mais antiga do festejo peruano.

 

O resgate desta memória afro-peruana na década de 60 tem alguns nomes fundamentais a serem apresentados para os estudantes e possuem material vasto nas plataformas  de streaming. Alguns deles são: Chabuca Granda (TARIMBA... 2014), Porfírio Vasquez (SUCEDIÓ… 12 de nov. de 2014), Caitro Soto (MEMORIAS... 2021), Nicomedes Santa Cruz (CASTILLO 2004), Victoria Santa Cruz (ARMELIN, 2021), José Duran ("EL... 1979) entre outros. 

Desenvolvimento:

Ouvir a versão do grupo Peru Negro para a canção “Son de Los Diablos” de  autoria de Filomeño Ormeño : https://youtu.be/Y-uQ_99cpXU?feature=shared

Ouvir a música novamente com a turma em pé e pedir que se movimentem orientados pela pulsação da música. Balancem, dancem!

Com os participantes dispostos em roda (em pé) solfejar o ostinato (tradicionalmente repetido pelo violão neste gênero musical afroperuano). 

Todos repetem!

Após alguns ciclos, apresentar um passo do diablo criado a partir de uma simplificação do tutorial CLASE DE FESTEJO #5 | SON DE LOS DIABLOS | AFROPERU | CESAR ARICA que pode ser acessado no link: https://youtu.be/z6Tesz47m6o?si=V5CwE05pE9RhCB9N

Sugestão de movimentação para incorporar a quadratura do festejo “Son de Los Diablos”. 

Observando que para a posição 4 retornar para a posição 1 é necessário realizar um salto.

Metade da turma canta, a outra metade dança. 

Depois troca. 

Quem conseguir, dança e canta o ostinato ao mesmo tempo.

A coreografia naturalmente vai induzir seus integrantes a girar a roda no sentido anti-horário.

Aproveitem, mas cuidado para não pisar no pé da colega!

Em uma turma de iniciação musical poderíamos parar por aqui. Mas no caso de acesso a instrumentos musicais, a transposição de alguns elementos da rítmica do festejo para instrumentos como flautas doce, escaletas e vibrafones é possível através dos arquivos musescore disponibilizados neste sítio. No caso da turma ser uma banda, após o momento de canto e dança chegou a  hora de lermos o arranjo de “Son de Los Diablos” disponível aqui também.

Ostinato de Son de Los Diablos_edited.jp

Materiais:

  • Aparelho de som e vídeo conectados em um computador com acesso a internet.

  • Espaço na sala para andar e dançar.

  • Instrumentos de sopro e percussão (de banda de rua ou de iniciação musical)

Biblografia:

"EL Son de los Diablos" por Pepe Durand. Produção de José Durand. Intérpretes: Arturo Jiménez Borja, Vicente Vásquez, Abelardo Vásquez, Pepe Villalobos, y Arturo "Zambo" Cavero.. Roteiro: José Durand. Música: Son de Los Diablos. Lima: Telecentro, 1979. (6 min.), son., P&B. Disponível em: https://youtu.be/h0q7OQGC6x0?feature=shared. Acesso em: 8 Não é um mês valido! 2010.

ARMELIN, Débora. VICTORIA SANTA CRUZ, A FORÇA DE UMA VOZ AFRO-PERUANA. Disponível em: http://www.afreaka.com.br/notas/victoria-santa-cruz-forca-de-uma-voz-afro-peruana/. Acesso em: 23 mar. 2021.

CASTILLO, Pedro Santa Cruz et al (comp.). Nicomedes Santa Cruz. Obras Completas II.: investigacion (1958-1991). Lima: Libros En Red, 2004. (Colecion E).

CLASE DE FESTEJO #5 | SON DE LOS DIABLOS | AFROPERU | CESAR ARICA. Produção de Cesar Arica. Roteiro: Cesar Arica. Música: Son de Los Diablos. S.I.: Qué Pasa?, 2021. (8 min.), color. Disponível em: https://youtu.be/z6Tesz47m6o?feature=shared. Acesso em: 26 ago. 2023.

MEMORIAS de TVPerú. 2021. (51 min.), son., color. Disponível em: https://youtu.be/qirRnz2KPI4?feature=shared. Acesso em: 26 ago. 2023.

MUNOZ, Sonia Arteaga; TORRES, Luis Rocca (Ed.). Africanos y pueblos originarios:: Relaciones interculturales en el área andina. Lima: Museo Afroperuano – Unesco Quito, 2007. 320 p.

RÉNIQUE, José Luis. A revolução peruana. São Paulo: Unesp, 2009. Tradução de Magda Lopes.

SUCEDIÓ en el Perú: Los Vásquez. Música: Abelardo Vásquez. Lima: Tvperú, 12 de nov. de 2014. (51 min.), son., color. Série Sucedió en el Perú. Disponível em: https://youtu.be/Z7ZJKSf4GDE?feature=shared. Acesso em: 12 nov. 2014.

TARIMBA Negra. Produção de Julio Seijas. Intérpretes: Félix Casaverde, Caitro Soto, Ricardo Miralles. Música: Chabuca Granda. S.I.: ? 1978 Fonomusic S.A., 2014. Son., color. Disponível em: https://youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kqOemF0l9XbudM37IeJF8FOfMIR6w2xDc&feature=shared. Acesso em: 26 ago. 2023.

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