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Chacarera

​Objetivos:

  • Introduzir o folclore argentino

  • Incorporar os ritmos da chacarera

  • Exercitar a composição

  • Desenvolver técnica vocal e instrumental

Contextualização:

Por conta da popularidade maior que a Chacarera conquistou no território argentino, é comum identificarmos este gênero a este país. Porém a Chacarera também tem seu surgimento na região da Bolívia. Antes de Bolívia e Argentina existirem como repúblicas, a chacarera já era dançada durante o período colonial, nas fazendas do Chaco (região que se estende em parte do pantanal brasileiro, sul da Bolívia, noroeste da Argentina e Paraguai) . A mesma dança pode ser encontrada com os nomes de Chacra ou Molino.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Chaco#/media/Ficheiro:GranChacoApproximate.jpg


 

A chacarera argentina compõe a identidade cultural nacional junto ao Tango e a Milonga, sendo praticada em quase todo o país. Se desdobra em uma família de gêneros musicais que contém muitos elementos similares, como o Gato, o Escondido, o Marote, o Palito, o Equador e o Remedio, e outros.

Hipóteses afirmam que a Chacarera Argentina nasceu em Santiago del Estero (Noroeste argentino). Nesta região são encontradas chacareras cantadas em quíchua, fator que corrobora esta teoria. 

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O QUÍCHUA, também chamado de quechua ou quéchua, é uma importante família de línguas indígenas da América do Sul, ainda hoje falada por cerca de dez milhões de pessoas de diversos grupos étnicos da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru ao longo dos Andes.

É uma das línguas oficiais de Bolívia, Peru e Equador.  

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Era cantada e dançada no meio rural e nos salões do interior até finais do século XX, se espalhando aos poucos por todo o país, com exceção à costa e à Patagônia. Ainda é muito dançado principalmente em Santiago del Estero e com menos intensidade em Tucumán, Salta, Jujuy, Catamarca, La Rioja e Córdoba.

 

Os primeiros registros históricos (“Memórias de Don Florencio Sal") que se referem ao surgimento da chacarera, apontam que o ritmo era dançado na região de  Tucumán por volta de 1850. Roberto J. Payó observou a existência  de chacareras, zamacuecas entre outras danças em Catamarca no final do séc. XIX 

Entre as mais antigas partituras de Chacarera, estão as de Andrés Chazarreta e as de Manuel Gómez Carrillo.

 

 (...) quão escassos são os estudos e informações precisas acerca destes elementos, especialmente sobre o bombo legüero. De origem incerta, seu surgimento é associado aos tambores trazidos pelos escravos africanos e à “caixa de guerra”, um tambor precursor da caixa-clara que era utilizada pelos colonizadores europeus (ARETZ, 1952). Por ser um tambor utilizado por negros, índios e mestiços, era inicialmente também chamado de bom- bo indio ou bombo criollo de orquestra. Posteriormente, difundiu-se a ideia de que o instrumento, devido à sua grande amplitude sonora, podia ser ouvido a léguas de distância – e daí o seu o nome legüero (BUGALLO, 1993, p. 39).

 

  CARACTERÍSTICAS MUSICAIS

 

 

 

 

 


 

 

 

 

A Chacarera geralmente é cantada e tem sua instrumentação mais comum,  contendo violão (tocado de forma rasqueada), violino, harpa, acordeon e bombo legüero

As melodias das chacareras é rica em motivos melódicos com acentos do norte da Argentina (região do Chaco) e transitam entre dois modos (bimodalismo) , pois ao utilizar a escala menor melódica em terças paralelas se mesclam com sonoridade da escala lídia (com 4ª aumentada). A sonoridade das escalas pentatônicas também se faz muito presente. Também podemos encontrar chacareras somente no modo menor e em uma pequena parte no modo maior. Como observado por Isabel Aretz, o desenvolvimento para o campo harmônico da subdominante  também é um recurso frequente.  A estrutura  da chacarera consta normalmente de um período de quatro frases que se repetem três vezes, tendo suas duas primeiras vezes entremeadas por seis compassos (às vezes oito compassos) de interlúdio instrumental. Com frequência este interlúdio serve como introdução. Assim como outras danças latino americanas, a chacarera, tem subdivisão na melodia percebida mais facilmente em compasso 6/8, e no ritmo do bumbo leguero e na linha dos baixos, notadamente em 3/4. Sua estrutura musical é composta por quatro frases onde se cantam estrofes de dois versos e tocam um interlúdio instrumental. A primeira e a segunda estrofes são separadas pelo interlúdio, que também serve como introdução. Este interlúdio tem função coreográfica, pode durar de seis a oito compassos.

 

Assim, a acentuação da chacarera é completamente contrária ao padrão europeu de acentuações métricas para compassos 3/4 e que, de acordo com Ábalos, concede à chacarera o caráter peculiar da música criolla: “O ritmo de da chacarera deve ser escrito no pentagrama em compasso 3/4 e o que diferencia nossa música criolla do resto da música do mundo é a acentuação do segundo e terceiro tempo” (Ábalos apud Degregorio, s/d, s/p).

 

O acompanhamento da Chacarera nos bordões graves do violão comumente acompanham o bombo leguero, marcando no compasso ¾, os tempos 2 e 3 como fortes.

A letra das chacareras cantadas, geralmente, são compostas de quatro versos de oito sílabas. A letra tradicional (de caráter extremamente machista) colhida por Aretz é um exemplo desta estrutura:

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A chacarera argentina se apresenta com  4 sotaques distintos:

 

- La Santiagueña 

https://youtu.be/DJ6QM67MU0s?feature=shared) 

- La Tucumana

https://youtu.be/uMbkJxsUVNs?feature=shared 

- La Chaqueña 

https://youtu.be/ZOpFy779bys?feature=shared 

- La Cordobesa

https://youtu.be/tF2yO29Ah6k?feature=shared 

 

La Telesita” , a lenda argentina de uma jovem que morreu queimada e se tornou uma entidade que despertou devoção popular, e motivou  a criação de várias canções, dentre elas a chacarera atribuída a Andrés Chazarreta  abaixo:























 

CARACTERÍSTICAS da DANÇA


A chacarera é uma animada dança em casal, onde os bailarinos simulam um jogo de galanteio sem se tocar, com passos livres, e sem combiná-las com os outros casais participantes.

 

Entre suas variantes encontramos: 

 

· Chacarera dupla :

É uma variante da chacarera, originária de Santiago del Estero. Difere das outras apenas no aspecto coreográfico.

(ex.: Añoranzas)  

 

· Chacarera trunca : 

acrescenta-se meio compasso no final dificultando a execução.

 (ex.: Trunca Chacarera)

 

· Chacarera longa : 

Apresenta alguns trechos mais longos por acrescentar uma contra-volta 

(ex.: A don Ata

 

Os caminhos da Chacarera Argentina

 

Nos últimos anos do século XIX e início do XX, com a ajuda do Patrono do Folclore Argentino, Dr. Ernesto Padilla e de pesquisadores como Andrés Chazarreta e Juan Alfonso Carrizo, o folclore  foi difundido por todo o centro e norte do país. Inicialmente sofreram com o preconceito da aristocracia das cidades para com  a cultura do povo do campo. 

 

Na década de 1920 companhias como a Don Chazarreta Arte Nativa, divulgaram o folclore em Buenos Aires no TEATRO POLITEAMA, quando o próprio Chazarreta executou sua valsa "Santiago del Estero",  destacando sua condição de excelente violonista e compositor. 

 

Chacarera Del 55

 

 O surgimento da poesia salteña de Dávalos, Portal e Perdiguero mudaram a estética da música, ao mesmo tempo que o movimento Chúcaro fez o mesmo na dança. 

 

No ano de 1958, uma chacarera, criada em Tucumán, por poetas e músicos de Salta: Los Hermanos Nuñez (Pepe e Gerardo) marcou o surgimento de  uma estética nova:

a Chacarera del 55

 

La Chacarera del 55 abordando outro cenário, menos parnasiano e mais boêmio, menos rural e talvez mais urbano, ao que parece, abriu novas possibilidades ao gênero musical.

 

Desenvolvimento:

 

Ouvir a música “Latinoamérica” do Grupo Calle 13.

Debater com a turma os significados encontrados na extensa letra.

Cantar o refrão:

Tú no puedes comprar al viento

Tú no puedes comprar al sol

Tú no puedes comprar la lluvia

Tú no puedes comprar el calor

 

Tú no puedes comprar las nubes

Tú no puedes comprar los colores

Tú no puedes comprar mi alegría

Tú no puedes comprar mis dolores

 

Reconhecer a estrutura de de duas estrofes de quatro versos, que por sua vez contém oito silabas (cada verso). 

Destacar o acompanhamento 

Introduzir um passo básico da chacarera que demonstra bem o caráter do compasso ternário. Repare na figura abaixo que o tempo é marcado uma vez com pé e em seguida com o outro.

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  • Marque a figura do Bumbo Leguero com percussão corporal:

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  1. mão em concha na parte superior do toráx imitando a pele do bombo), nos tempos 2 e 3 (no compasso ¾)

  2. palma na coxa imitando a madeira no aro do bombo, nos tempos 1 e 2 (no compasso 6/8). Como na partitura abaixo:

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Após todos terem executado a dança e a percussão corporal, bata as  palmas da chacarera como na partitura abaixo. Perceba que estas palmas podem ser melhor percebidas em 6/8.

 

 

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Divida a turma em 3 funções: cantar o refrão, tocar o Bumbo Leguero (percussão corporal) e bater palmas.

 

Revezar as funções entre os grupos.

 

Distribuir tambores graves e claves e toquem o refrão de Latinoamerica com os instrumentos adaptados.

 

Um desenvolvimento mais complexo voltado para turmas mais experientes: compor uma chacarera mantendo algumas características do gênero, tais como:

 

  • Bimodalismo (terças paralelas na melodia)

  • Primeira parte de oito compassos em tom menor

  • Segunda parte de oito compassos começando no relativo maior e resolvendo no tom menor

  • Estrutura de 4 versos de oito sílabas

 

Uma proposta mais ousada seria compor tal letra no idioma quíchua (dos povos originários da região de Santiago Del Estero). Para tanto, a utilização da ferramenta “Tradutor” do google se faz necessário, ou algum dicionário quechua disponível na internet, como:

https://portal.divinafeminina.org/dicionario-inca-andino-quechua-aimara-glossario-tradicao-nativa-sagrada-andina/

Materiais:

  • Instrumentos de percussão

  • Computador com acesso a internet (ou celular)

  • Aparelho de som

  • Projetor de vídeo

Bibliografia:

 

ARETZ, Isabel. El folklore musical argentino. Buenos Aires: Ricordi Americana, 1952. 271 p.

 

BITTENCOURT, L. Memórias Líquidas para Waterphone solo e Live Loops: criação, performance e transtextualidade. Revista Música Hodie, Goiânia, V.16 - n.2, 2016, p. 116-132

 

BUGALLO, Rúben Pérez. Corrientes Musicales de Corrientes, Argentina. Latin American Music. Review / Revista de Música Latinoamericana, v. 13, n. 1, p. 56-113, 1992.

 

LAMARQUE, Carlos. Chacarera: Origens e transformações. Licenciatura em Música. CEART - Cen- tro de Artes, Universidade do Estado de Santa Catarina, 2010, Florianópolis: UDESC, 2010. 97 p.

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