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Turismo musical virtual

(ou o etnomusicólogo de youtube)

Objetivos:

 

  • Introduzir a pesquisa musical

  • Aprofundar o conhecimento da história  do nosso continente

  • Conhecer instrumentos e gêneros musicais típicos da América Latina 

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Contextualização:

Horacio Salinas  nasceu em Lautaro, na região de Araucanía (Chile) em 8 de julho de 1951. É um dos compositores mais relevantes da música popular chilena, assim como  seus conterrâneos Violeta Parra e Víctor Jara. Foi diretor musical do Inti-Illimani, conjunto protagonista da Nova Canção Chilena,  desde a sua fundação em 1967 (com apenas 16 anos). Salinas deixou o grupo em 2001 e  tornou-se então,  diretor do Inti-Illimani Histórico

 

Iniciou seus estudos no violão erudito mas foi intensamente Influenciado pelas figuras dos solistas argentinos Eduardo Falú e Atahualpa Yupanqui. Integrou a Orquestra de Balé Folclórico de Pucará em 1965, onde alcançou prestígio como um instrumentista de ideias avançadas. Salinas incorporou seus conhecimentos acadêmicos às características da música popular, inicialmente desconhecida para ele.

 

Imediatamente se tornou figura central do grupo e desenvolveu sua experiência como arranjador e compositor  na relação com o maestro Luis Advis, que foi um de seus principais mestres nesta fase. Durante a ditadura de Pinochet o grupo viveu o exílio durante quinze anos na Itália.

 

Estreou como compositor na instrumental “Inti-Illimani”, do álbum inicial Inti-Illimani(1969). Melodías  como “Alturas”, “Chiloé”, “Trigales”, “Sensemayá, canto para muerte a una culebra” e as italianas “El mercado de Testaccio” e “Danza di Cala luna” levam sua assinatura.

 

Salinas encontrou em Patricio Manns seu grande parceiro criativo. Compuseram juntos: “Samba Landó” (também com José Seves) “Vuelvo”, “Retrato”, “Cantiga de la memoria roto” e “La muerte no va conmigo” entre outras.

Inti Illimani é um dos grupos mais relevantes nascidos no Chile. Formado inicialmente por jovens curiosos por música e folclore andinos. Grandes mestres como Atahualpa Yupanqui, Violeta Parra e Victor Jara, influenciaram o início da sua jornada artística e de suas pesquisas. Quando já haviam alcançado algum sucesso nacional e o ambiente político ainda favorecia, o grupo se lançou em investigações pela música do continente, dedicando especial atenção às culturas musicais andinas. No livro “La Canción en El Sombrero”, o diretor musical do grupo, Horacio Salinas descreve um pouco do que encontraram nessas turnês.

 

As turnês do grupo chileno Inti Illimani pela América Latina narradas pelo maestro Horácio Salinas:

 

1968 Argentina

1969 Bolívia

1970 Bolívia e Perú

1971 Equador, Colômbia, 

1972 Equador, Colômbia, Venezuela, Costa Rica, México y Cuba.

 

A Argentina, país vizinho de muitas trocas culturais com Chile, ofereceu para a  busca estética do artista, personagens e elementos da linguagem do campo, do folclore popular nos violões e vozes de Atahualpa Yupanqui, Eduardo Falú, Jaime Torres e Mercedes Sosa. Passando ao largo dos tangos e milongas de Gardel e Piazzolla, a música campesina argentina tem grande capilaridade em seus países vizinhos, inclusive com o sul do Brasil. Chamamés, gatos, chacareras, zambas, vidalitas são gêneros que nos dão pistas da identidade musical argentina para além do sucesso internacional do tango. 

 

Ao visitar Bolívia e Perú, o autor se encanta com a força da cultura ancestral dos povos nativos, dos Incas e de antes deles. Destaca o “tiempo largo” para observar a vida, as paisagens, e seu povo que toca e dança para abrandar as durezas de suas realidades. A luminosidade e o frio intenso como elementos poéticos que impregnam suas criações. Horácio destaca em seu livro, a semelhança entre as pentatônicas chinesas e as encontradas nas montanhas peruanas. A descrição de sua passagem pelo Peru evoca elementos do imaginário, talvez por sua proximidade geográfica, o parentesco cultural de algumas manifestações folclóricas não destacou características instrumentais, rítmicas e estéticas do que ouviu. Mas podemos encontrar aqui neste sítio “América Vizinha”, na atividade “Son de Los Diablos” uma grande variedade de artistas do movimento Afroperuano (Nicomedes Santa Cruz, Chabuca Granda entre outros) onde festejos, landós, toro matas e a polirritmia de matriz africana são dominantes. Além das Marineras, Huaynos, Décimas e muitos outros gêneros frutos de motrizes ibéricas, nativas e migrações muito particulares dos escravizados africanos pela cordilheira no norte do Perú e na Bolívia. As Sayas e as Morenadas integram a identidade musical boliviana, e são exemplo de fenômeno cultural recorrente na região, onde elementos culturais marcadamente de matriz africana são apropriados por povos indígenas locais. (MUNOZ; TORRES, 2007)

 

Em sua passagem pelo Equador, Salinas destacou os gêneros musicais típicos da serra: pasillos, sanjuanitos, albazos, danzantes e até rancheras mexicanas. Conheceram comunidades indígenas dos Otavaleños (regiões de Ibarra e Otalavo) . Conheceu o instrumento de sopro típico: rondador. Criaram laços de amizade com o grande pintor Oswaldo Guayasamín, foram testemunhas do nascimento de um danzante em uma roda de cantoria em uma reunião de intelectuais e artistas dentre eles, o poeta Jorge Enrique Adoum e o melhor duo equatoriano Benitez e Valencia que entre um garrafa de vinho e outras criaram “Vasija de barro” que fala de uma tradição no enterro de seus mortos. A Serra Equatoriana tem presença marcante dos instrumentos de sopro aparentados  da flauta de pan  de suas pentatônicas incaicas e pré incaicas.

 

 

Influenciados pela passagem pela Colômbia, o grupo introduziu em sua instrumentação o tiple colombiano. Horacio observou que assim como Equador e Venezuela, a Colômbia tem uma geografia muito singular, onde a floresta  e o litoral são separados pela imensa Cordilheira e diferentemente do que se passa em Chile e Argentina estas músicas se comunicaram e se influenciaram, moldando regiões culturais muito diferentes. O autor identifica na Costa , a influência mais forte da matriz africana, onde tambores, chocalhos e cantos responsoriais são denominados: cumbias, parrandas, vallenatos, mapalés, fulias e buyerengues. 

Subindo a serra colombiana, a herança espanhola, a variedade de instrumentos de cordas(violões, tiples, mandolins, bandurrias, cuatros) e um vasto cardápio de gêneros em compassos 6/8. A força da herança inca perde sua força na Colombia. Faz-se mais marcante a influência do romance espanhol, seus versos e suas estruturas (décimas). Por outro lado, nesta região colombiana, as flautas amazônicas (gaitas) se incorporam à cúmbia colombiana. A Harpa, o cuatro, as maracas e a forma de versar (décima espinela) vindas da cultura do homem da planície (llanero) se encontram com as culturas de matriz africana. O Vallenato da região de Valledupar tem no acordeon seu vibrante protagonista que tem em Rafael Escalona um de seus maiores representantes.

 

Na Venezuela, “otra de las maravillas musicales de Latinoamérica” nas palavras de Salinas: parrandas, aguinaldos, gaitas de Maracaibo, pajarillo, seis por derecho, merengues caraquenhos (compassos em ⅝), polos margaritenhos e joropos foram os gêneros musicais que despertaram a curiosidade do grupo. O Quinteto Contrapunto figura como um dos grupos obrigatórios para se começar a conhecer parte da riqueza musical venezuelana. Um conjunto contemporâneo, ainda em atividade, formado por mestres da música venezuelana que também contribui neste sentido é o Ensamble Gurrufío, onde o virtuose do cuatro venezuelano Cheo Hurtado é um dos solistas.

 

A passagem rápida pela Costa Rica  deixou a impressão que por ali, a influência de Caribe e México assim como todo o resto da América Central são muito expressivas.

 

No México, Salinas sugere que sua música tenha influenciado toda música rural latinoamericana, com exceção do Brasil (na opinião do maestro). Mas vale observar certas similitudes entre os mariachis  mexicanos abrindo suas vozes em terças e sextas, e as duplas sertanejas brasileiras. O conjunto conheceu e incorporou os gêneros  mexicanos: jarocho e huasteco ao seu repertório. Instrumentos como violino, harpa e a marimba são bastante utilizados na música mexicana com extremo virtuosismo.

 

Em seu relato, Horacio Salinas lembrou da dificuldade que encontraram para entrar em Cuba devido ao contexto político latino americano da época.

Chegando em Cuba iniciaram amizade com os artistas Silvio Rodriguez, Pablo Milanés e Noel Nicola, representantes do movimento Nueva Trova.

O compositor chileno destacou a complexidade polirrítmica de estilos musicais cubanos como o son e o guaguancó em comparação a guajira que tem estrutura mais simples no que diz respeito ao ritmo. O autor recordou, neste ponto do livro,  o intercâmbio Chile - Cuba, que aconteceu em Santiago do Chile, entre os conjuntos chilenos  Inti Illimani e Quilapayún receberam , o grupo cubano Manguaré  e enaltece seu diretor musical e exímio tocador de tres cubano: Pancho Amat.  


 

Desenvolvimento:

 

  • Narrar a pesquisa artística de Horacio Salinas conforme o texto acima.

 

  • Ouvir os exemplos de gêneros musicais citados na contextualização.

 

  • Ouvir obras dos artistas igualmente citados.

 

  • Debater com a turma sobre as características em comum  e as diferenças entre o material apreciado.

 

  • Criar critérios para classificar as músicas escutadas (material melódico, presença de síncope, características rítmicas, estrutura poética, instrumentação, heranças culturais…)

 

  • Propor que a turma se divida em grupos e com acesso a internet, pesquizem e criem listas de músicas para introduzir as culturas musicais do nosso continente. Cada grupo pode escolher uma região, grupo étnico ou gênero musical para criar sua lista temática.

 

  • Os grupos devem apresentar para a turma, suas listas de músicas citando autores, intérpretes, país de origem, contexto histórico de sua criação ou versão e o que mais contribuir para este mergulho inicial na musicalidade latinoamericana.

Materiais:

  • Aparelho de som conectado à internet

  • Acesso a plataformas de compartilhamento de música

Bibliografia:

MUNOZ, Sonia Arteaga; TORRES, Luis Rocca (Ed.). Africanos y pueblos originarios:: Relaciones interculturales en el área andina. Lima: Museo Afroperuano – Unesco Quito, 2007. 320 p.

 

PANCHO Amat: Mis caminos del Tres Cubano - Tutorial & Lesson. Estados Unidos: Tres Cubano Guitar, 2017. Son., color. Disponível em: https://youtu.be/zR7gR4BNxHc?feature=shared. Acesso em: 9 mar. 2024.

 

SALINAS, Horacio. La Canción en el Sombrero: história de la música de inti illimani. Santiago, Chile: Catalonia, 2013. 224 p.

Fonte: https://www.musicapopular.cl/artista/horacio-salinas/ 

 

YUPANQUI, Atahualpa. O Canto do Vento. Porto Alegre: Coragem, 2023. 339 p. Tradução de: Demétrio Xavier.

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